sexta-feira, 8 de abril de 2011

Insetos interiores- Teatro mágico


Notas de um observador:
Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.
A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.
Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)vertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se
A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.
Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.
   E esses 'insetos interiores' nos estagnam,nos impedem de vivenciarmos aquilo que é puramente humano_o questionar, o pensar e agir _, e nos faz simplesmente acomodar sem nos incomodar com o que se passa em nossa volta.Aonde você aposta suas cartas,nos seus insetos interiores, ou no ser que você é? Enquanto os nossos insetos estiverem nos dominando,13 crianças vão continuar morrendo em um assassinato,bebês serão abandonados,terroristas acabarão com muitas vidas,bombas vão afetar gerações,enfim... o mundo vai continuar mudando desenfreadamente,caminhando cada vez mais pra um caos total.
   Estou sendo extremista??Talvez...mas confesso que é o que hoje consigo ver a minha volta:sonhos vãos,discursos vãos...pois eles são válidos até quando nos é cômodo,quando ultrapassa isso (o que acontece quase sempre) estagnamos,nos limitamos a 'admirar' a vida como ela é ( e essa mesma vida está ficando gradativamente mais cruel).'
  Quanto a isso ouso em adicionar mais um regrinha ao "Concordo?! Sim? Não? Por que?",acho que é plausível adicionarmos: e como fico perante a isso?? Se me permitem, aconselho a deixarem seus insetos interiores na U.T.I.





Por: Naiara Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário